sábado, 26 de junho de 2010

O seu saber vale mais que o meu?

O que define os saberes como melhor ou pior? Será que há um saber maior que o outro? Por que um médico, por exemplo, ganha inúmeras vezes mais que um professor, sendo que esse não cobra mais que seu mísero salário por seus serviços mais tarde?
Aí chegamos a um ponto controverso, e por assim dizer, perverso nessa relação. O que dizer de um profissional da saúde, e aqui incluem-se inúmeras especialidades, formado em uma universidade pública. Sabemos que ela é paga, dentre outras fontes, com os impostos dos cidadãos, certo. Formam-se então, os supostos saberes que mais tarde irão cobrar valores astronômicos a esses mesmos cidadãos que os ajudaram em sua formação. Quem paga o pato? O povo. De qualquer forma, paga. Já havia pensado nisso? Claro que não isentamos aqui os formados em universidades particulares, não é isso. Aliás, esses, muitas vezes, por terem que pagar altas mensalidades durante os anos de estudo, se acham no direito de cobrar o que bem entendem.
Voltando. Será que o que realmente importa não seria o saber certo na hora certa?
O escritor Pedrinho Guareschi, em seu livro Psicologia Social Crítica como prática de libertação, traz um exemplo retirado de um de seus autores prediletos: Paulo Freire. A narrativa conta a história de um barqueiro que fazia a travessia de determinado rio e, em uma dessas jornadas, levara consigo um advogado e uma professora. No meio do caminho o advogado pergunta se o barqueiro entendia de leis, o mesmo responde que não. Diz o advogado: _ Então perdeu a metade de sua vida. Mais adiante, a professora pergunta se o barqueiro sabe ler. Ele responde que não. Diz ela: _ Então perdeu a metade de sua vida. Mais adiante o barco bate acidentalmente em uma pedra e começa encher rapidamente de água. Nisso, pergunta o barqueiro: _ Vocês sabem nadar? Ambos respodem que não. Diz ele: _ Então vocês perderam suas vidas inteiras.
De que adiantou os conhecimentos em leis ou gramaticais naquele momento? O saber mais importante na ocasão era o de natação. Em outras ocasiões seria o de advocacia e em outras os gramaticais. Enfim, todos os saberes são importantes. Talvez não para determinados momentos, mas para outros sim. O que não é justo é cobrar valores tão diferentes para cada tipo.
Há profissões que envolvem mais riscos, outras menos. Umas envolvem responsabilidades, outras habilidades. O que seria de nós sem os responsáveis pela limpeza pública? Saberíamos cuidar cada um de seus dejetos? Tenho dúvidas. Salve os invisíveis! Será que saberíamos construir nossas próprias casas? Salve então os pedreiros! O que faríamos sem os médicos, e os professores, arquitetos, enfermeiros, jardineiros, etc. Cada um tem seu valor e facilitam muito a vida de todos nós. Basta precisar de um destes serviços e aprendemos a dar o devido valor, além é claro, de percebermos o quão ignorante somos em inúmeros aspectos, mesmo com todo nosso suposto "conhecimento". Por certo, não há um saber mais valioso que o outro, pelo menos não deveria haver.
Há saberes e saberes. Sabia? Não? Então aprenda mais, agregue mais conhecimento e os transforme em saber, assim quem sabe um dia, não precise de um bote salva-vidas como o de nossa historinha lá atrás.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Círculo Vício-masoquista:

A mente manda e o corpo executa.
Ela, inconsequente. Ele, subordinado.
Ela, onipotente. Ele, arcando com as consequências.
Ela pensa mas não toca. Ele toca sem pensar.
Ambos sofrem em conjunto, mas nem "pensam" em parar.
Ele, não tem escolha. Ela, não tem mais em quem mandar.
E nesse joguinho macabro, o círculo segue a girar:
Mente-Corpo-Dor-Mente.