O final do ano promete ser turbulento para a educação pública gaúcha. Os professores da rede pública estadual entram em greve a partir de hoje. A decisão foi tomada na tarde de sexta-feira, em assembleia que foi realizada no ginásio Gigantinho e que contou com a presença de cerca de quatro mil docentes.
Os professores cobram o pagamento imediato do piso nacional do magistério (R$ 1.384,00 para 2012). O governo do Estado, por sua vez, se compromete a pagar o piso até o final do mandato, disponibilizando R$ 2 bilhões a mais no orçamento para o pagamento até 2014. Os professores também pedem que o governo não avance na proposta de reforma do Ensino Médio.
“A secretaria respeita o direito dos professores em se manifestar pela greve. Mas entendemos essa decisão como um rompimento do diálogo com o governo”, afirma o diretor-geral-adjunto da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), José Thadeu de Almeida.
Conforme Almeida, 16 dos 17 pontos apresentados pelo sindicato dos professores (Cpers) no início do ano foram acatados pelo Piratini. Para ele, a presença de somente cerca de quatro mil dos 70 mil professores estaduais faz com que a assembleia de sexta-feira não tenha o peso necessário para refletir o desejo dos professores.
A presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, pede o apoio da sociedade à paralisação. “Nossa luta é em defesa da educação pública de qualidade. A educação é o maior bem de um povo. Portanto, essa preocupação não é uma obrigação só nossa. Por isso, pedimos que os pais não mandem seus filhos para a escola. Queremos que a comunidade esteja do nosso lado.”
O representante da Seduc avalia como inadequado o momento para uma greve do magistério. “O que não falta para esse governo é disposição para o diálogo”, diz Almeida. Ele acredita que a adesão ao movimento grevista será baixa em todo o Estado. “Não estamos percebendo que haverá uma adesão significativa à greve. Esse não é um diagnóstico de gabinete, mas de gestores que estão dialogando como professores em todo o Rio Grande do Sul”, conclui. O governo do Estado ainda vai decidir se o diálogo com a representação da categoria será mantido. O Piratini já informou que irá cortar o ponto dos servidores que não comparecem às escolas para trabalhar.
No sábado, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis Azevedo, participou do 56º Congresso Estadual de Estudantes promovido pela União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (Uges), em Canoas. Azevedo destacou as ações que o governo vem fazendo na área. “São 40 anos de desmonte e agora temos uma gestão que coloca a educação como prioridade. Não vamos conseguir resolver tudo imediatamente. Para superar os problemas de meio século precisamos de quatro anos”, afirmou. No encontro, os estudantes se posicionaram contrariamente à greve. “Uma greve a apenas 25 dias do fim do ano letivo é inoportuna e desconsidera o enorme prejuízo que trará aos 1,2 milhão de estudantes, que se preparavam para os exames finais e agora terão que se preocupar com a difícil recuperação dos conteúdos perdidos, em especial os estudantes do 3º ano do Ensino Médio”, diz um documento aprovado pelos estudantes.
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